Dionaea muscipula
Aproveitando o clima do nosso país, cultivar a Dionaea todo o ano ao ar-livre é uma óptima opção, salientando que no seu habitat natural estão muitas vezes sujeitas a geadas. Podendo também ser mantida no interior, há que ter em conta que na época de dormência é necessário permitir-lhe temperaturas abaixo dos 15 graus centígrados.Em dormência deve-se moderar as regas, se o solo for constantemente encharcado o rizoma pode apodrecer.
No início da primavera, quando a planta começa a sair da fase de dormência, é a melhor altura para proceder ao transplante de vaso bem como fazer divisões de rizoma.
A polinização manual no caso da Dionaea é relativamente simples, pode-se tentar tendo apenas uma flor mas com duas é muito mais eficaz. Com o auxílio de um pequeno pincel ou cotonete, retira-se o pólen da flor que abriu mais recentemente, o pólen encontra-se na antera, e esfrega-se no estigma da flor que abriu anteriormente a essa. Este processo deve-se repetir durante dois ou três dias.
No que diz respeito à captura de presas a Dionaea tem um método único, nas suas armadilhas existem entre três a quatro pelos que são sensíveis ao toque, quando algo toca sucessivamente neles a armadilha fecha-se. Se uma presa ficou no interior, ao continuar a ser detectado movimento na armadilha, esta fecha-se agora hermeticamente e começa então a produção de enzimas digestivas que vão proporcionar a absorção dos nutrientes da presa. Este processo demora entre uma a duas semanas, findo este prazo a armadilha abre para capturar nova presa.
Drosera capensis
Sobre as Droseras capensis podemos dizer que são das plantas carnívoras mais resistentes e fáceis de manter. Reproduzem-se muito facilmente quer pelas plantas novas que vão surgindo de raízes mais próximas à superfície do solo, quer pela facilidade da produção de sementes e a sua elevada taxa de germinação. Geralmente desde o início da Primavera até final do Verão em plantas adultas surgem caules florais. Sem que seja necessária qualquer intervenção, há-de abrir várias flores (em média uma por dia), que após secarem ficam as cápsulas onde se irão formar as sementes que se podem recolher posteriormente.
Toleram bem o nosso clima apesar de que as temperaturas baixas levam a um abrandamento no crescimento da planta. Em períodos de frio excepcional pode ocorrer a morte das folhas na sua totalidade ficando apenas a raiz que é o suficiente para que a planta se volte a desenvolver quando houver melhores condições climatéricas.
No que toca à captura das presas, as gotículas nos pequenos tentáculos das folhas embora parecendo néctar são na verdade muco pegajoso. Os insectos ficam colados e começam a debater-se para se tentarem libertar, acabando alguns por morrer devido a exaustão. Quando algo vivo é capturado os tentáculos à volta são estimulados pelo movimento, estas Droseras têm a capacidade de movimentando-se lentamente chegarem mesmo a enrolar as folhas à volta das presas. Assim proporcionam uma maior concentração de muco e enzimas digestivas a cobrir a presa permitindo maximizar a absorção dos seus nutrientes.
Nepenthes Ventrata
É uma planta encantadora! Trata-se de um hibrido fácil de cuidar e que cresce relativamente rápido. O frio no Inverno terá sempre repercussões negativas, a planta pode abrandar ou parar o crescimento e inclusive morrer. No entanto está longe de ser impossível manter a planta o ano todo em exterior, nesse caso é importante estar tanto quanto possível abrigada do frio e contar com algumas horas de sol durante o dia.
A humidade é sem dúvida um factor muito importante e utilizar um borrifador com água para ir humedecendo as folhas é claramente uma vantagem no seu desenvolvimento principalmente na fase de desenvolvimento dos seus jarros. Para esta planta são aconselhados os vasos suspensos e a rega feita na superfície do solo e deixando escorrer o excesso de água, no entanto, plantas que durante o dia estão várias horas submetidas a contacto de sol directo, sendo que a água esgota e o solo seca rapidamente eu aconselho o uso de qualquer tipo de reservatório de água para manter o solo constantemente húmido durante as horas de maior calor pelo menos.
Quanto à captura e digestão das presas, as Nepenthes têm algumas das mais maravilhosas armadilhas, tanto em eficácia como na beleza, são algo realmente digno de ser observado.
Os seus “jarros” como eu tenho preferência de lhes chamar, atingem uma bonita coloração e tamanho considerável.
Sarracenia flava
As Sarracenias são das plantas que melhor se dão no nosso clima. Mantidas no exterior tanto resistem a sol intenso como a chuvas e geadas, de Norte a Sul do país podem ser cultivadas mesmo em zonas onde se registam temperaturas bastante baixas. Existe sempre possibilidade de cultivo no interior de casa ou estufa, tal como em zonas de clima mais ameno, é fundamental não esquecer que temperaturas acima dos 15 graus centígrados por tempos prolongados irão interromper a dormência da planta e consequentemente provocar o seu enfraquecimento.
Durante o Inverno a Sarracenia flava pode produzir umas folhas características não carnívoras que se designam por phyllodias. No final do Inverno, antes da planta se começar a desenvolver é a melhor altura para proceder ao transplante de vaso e/ou fazer divisões de rizoma. Quando acordam da dormência, no início da primavera, é comum começarem por dar flor e só depois desenvolvem totalmente as novas folhas para que os insectos polinizadores não se tornem vítimas da própria planta antes de terem a oportunidade de contribuir para a polinização da flor.
Os seus longos tubos têm capacidade de armazenar uma boa quantidade de presas, às vezes a tal ponto que a própria folha dobra devido ao peso. Os insectos são atraídos pelas apelativas gotas de néctar à entrada do tubo, néctar esse que contém anestésicos e toxinas e tem nos insectos um efeito embriagante. Perante tal vulnerabilidade dos insectos a larga boca e os tubos escorregadios torna-se uma armadilha bastante eficaz para a sua captura. Os insectos sem conseguirem subir pelo tubo acima e mesmo que tenham asas sem espaço suficiente para voar, acabam por morrer de exaustão de tanto se debaterem para tentar sair. Por fim, na parte inferior do tubo são segregadas enzimas digestivas que dissolvem as “partes moles” das presas, permitindo a absorção dos nutrientes por parte da planta.
Pinguicula emarginata
É uma planta de relativamente pequenas dimensões que não atinge grande coloração nas folhas. No entanto consegue presentear-nos com umas bonitas e coloridas flores, embora pequenas de tamanho, mas distintas em beleza. São fáceis de cuidar, seja em interior ou exterior, no exterior prefiro mantê-las protegidas do sol embora algumas horas de sol directo não lhes sejam prejudiciais.
É possível proceder-se à polinização manual das flores de Pinguiculas para a obtenção de sementes no entanto nas emarginatas nem sempre é um procedimento bem sucedido. Sem dúvida que a melhor forma de reproduzir as Pinguiculas é através da propagação por folhas/clonagem, através do sacrifício de algumas folhas consegue-se obter novas plantas, em poucas semanas, de uma folha é possível obter 2 ou 3 e às vezes até mais plantas.
Drosophyllum lusitanicum
O Drosophyllum lusitanicum detém, a meu ver, um carinho especial por partedos cultivadores de plantas carnívoras em Portugal, apesar de não ser a única espécie de planta carnívora que habita no país é das que mais curiosidade desperta e mesmo podendo também ser encontrada em Espanha e numa parte de Marrocos vários interessados na matéria não dispensam uma visita a Portugal para contemplar o nosso Drosophyllum lusitanicum nos seus habitats naturais. Junto das nossas populações pode também ser conhecido como pinheiro-baboso ou pinheiro orvalhado pois a sua forma assemelha-se aos pinheiros jovens quando têm ainda apenas alguns centímetros, no entanto a grande distinção são as folhas cobertas de substância mucosa em bastante quantidade que se pode observar no Drosophyllum.
Quanto ao seu cultivo em vaso algo que se deve ter logo em atenção é o tamanho do vaso, visto que para uma planta de tamanho adulto recomenda-se um vaso de cerca de 25cm de diâmetro mínimo e como a perturbação das raízes desta planta geralmente provoca a sua morte, o recomendado é nunca proceder ao seu transplante sendo portanto a melhor opção germinar a semente já no vaso definitivo para a planta. Nos primeiros meses de vida é quando há uma clara fragilidade e nem todos os indivíduos sobrevivem facilmente, às vezes até ligeiras variações na rega parecem resultar na morte da planta. O solo deve ser bem drenante e ao contrário de inúmeras espécies de plantas carnívoras, o Drosophyllum não necessita de estar num meio totalmente ácido pois na natureza nasce geralmente em solo areado misturado com outras vegetações circundantes e principalmente fagulhas secas de pinheiros tornando-se um solo alcalino. Na rega também não se deve deixar água acumulada no fundo do prato. O local ideal para esta planta é no exterior, onde possa apanhar muito sol.
É na Primavera que se dá a inflorescência e podemos observar as suas belas flores amarelas que poderão mais tarde no Verão dar origem a várias sementes que nem sempre são de fácil germinação.
Na atracção, captura e digestão das presas o processo é em alguns aspectos semelhante ao das outras plantas que produzem muco nas folhas e completamente distinto noutros. Várias glândulas ao longo da folha produzem este muco que atrai as presas com o seu aroma adocicado, conforme as presas se vão movimentando ao longo das folhas é estimulada a secreção de ainda mais muco que acaba por envolver completamente a presa impedindo-a de respirar e levando à sua consequente morte. Enzimas digestivas são segregadas posteriormente e começa a digestão, dissolvidas as partes nutritivas da presa esse suco é absorvido pelas folhas fortalecendo a planta.